O acordo aproxima a Bunge em escala global das principais rivais, Archer-Daniels-Midland e Cargill, e será examinado de perto pelos reguladores antitruste
A comerciante de grãos norte-americana Bunge e a Viterra, da Glencore, anunciaram nesta terça-feira um acordo de fusão de 18 bilhões de dólares, criando uma das maiores empresas agrícolas comerciais do mundo.
A Bunge já é a maior processadora de oleaginosas do mundo e analistas disseram que os negócios de esmagamento da Viterra podem enfrentar escrutínio regulatório no Canadá e na Argentina.
No ano passado, a Bunge foi a maior exportadora de milho e soja do Brasil, a principal fonte mundial de culturas básicas para a fabricação de ração animal e biocombustíveis, segundo dados da transportadora Cargonave. A Viterra foi a terceira maior exportadora de milho e a sétima maior exportadora de soja.
Combinadas, as empresas representaram cerca de 23,7% das exportações brasileiras de milho em 2022 e 20,9% das exportações brasileiras de soja, mostraram dados da Cargonave.
Nos Estados Unidos, o negócio de compra e venda de grãos da Viterra se expandiu com a compra da Gavilon no ano passado. A fusão aumentaria os negócios de exportação de grãos e processamento de oleaginosas da Bunge no segundo maior exportador mundial de milho e soja, onde tem uma presença menor do que a ADM e a Cargill.
O acordo também expande a capacidade física de armazenamento e manuseio de grãos da Bunge na Austrália, grande exportadora de trigo, onde a empresa opera atualmente apenas dois elevadores de grãos e um terminal portuário na parte oeste do país. A Viterra tem 55 locais de armazenamento no sul da Austrália e no oeste de Victoria e seis terminais de exportação de grãos a granel.
O maior produtor mundial de óleos vegetais também firmou parcerias com a petroleira Chevron e a gigante de sementes e produtos químicos Bayer para perseguir a crescente demanda por matérias-primas de combustíveis renováveis.
Na Ucrânia, maior produtor mundial de girassol e maior fornecedor de óleo de girassol, uma combinação Bunge-Viterra teria três fábricas de processamento de oleaginosas no sul e no leste do país, em Kharkiv, Dnipro e Mykolaiv.
A aquisição da Viterra traria a receita da Bunge, que foi de 67,2 bilhões de dólares em 2022, mais em linha com a da ADM, que registrou vendas de quase 102 bilhões de dólares no ano passado.
No início de 2017, a Viterra, então conhecida como Glencore Agriculture, tentou adquirir a Bunge, que estava avaliada em 11 bilhões de dólares. A tentativa de aquisição foi rejeitada.